Era velha, mas eu montava-a.....

Somos, sem dúvida, um país de cuscos...

Não há problemas da vida de outrem que não queiramos saber, desde a discussão doméstica ao acidente de trânsito, o português quer saber, e, sabe de tudo ou pensa que sabe!

Agora para que serve esse desejo, essa ânsia. Para nos fazer respirar, para saciar a nossa sede ou para nos será para nos dar alimento.

Primeiras páginas dos jornais, revistas e a abertura dos noticiários: Tragédias, acidentes, raptos, logo de seguida aparecem os casos das personalidades conhecidas, o casa e o descasa e lá no fim e se existir espaço ou tempo aparece uma inauguração ou uma distinção de alguém que fez algo de bom ou bem. Atenção que como eu tinha dito, só se existir espaço e tempo.

Da politica ao futebol, das novelas às conversas de tasco, todos sabemos, opinamos, mas no fundo nunca acertamos.

Fica uma história que aprecio muito e que de alguma forma descreve o que digo.

O Joãozinho, miúdo novo e traquina que gostava muito de andar de bicicleta. Ele saltava, andava sem mãos e fazia até descidas a grandes velocidades. Um dia caiu, ficou todo esmurrado e com a bicicleta estragada.
O Pai aflito, escondeu a bicicleta e tratou logo de cuidar do Joãozinho, mas ele respondeu:
- Eu estou bem, vai-me arranjar é a bicicleta, ela é que está mal.
O Pai ignorou as suas palavras e tratou do Joãozinho claro.
Uns dias mais tarde, o pai, que como qualquer pai não gosta de ver tristes os seus filhos tratou de arranjar a bicicleta alertando o o Joãozinho:
-Da próxima vez não volto a arranjar a bicicleta e dou-a a um amigo teu!
Passaram uns dias, e o Joãozinho já tinha junto à sua casa uma pista completa de saltos e cheia de labirintos.
O pai avisava-o constantemente:
-Joãozinho tem atenção e principalmente muito cuidado!
Num fim-de-semana e depois do almoço o Joãozinho foi mais a a loucura dele para a pista e pior sucedeu. Um salto.... Joãozinho para um lado e bicicleta para o outro ficando esta quase destruída.
O Joãozinho chega-se para beira da estrada e chora, chora....

Uns minutos depois passa um funeral. As pessoas vestem de luto e consolam-se umas às outras, até que uma senhora chega perto do Joãozinho e exclama.
-Deixa lá meu filho, a senhora já era velha...
O Joãozinho responde.

-Era velha mas eu montava-a!!!!

Pois é!
Vida...
Realmente não gosto de pessoas que vivem a vida dos outros mais do que a sua própria vida.
Normalmente este tipo de pessoas querem saber, saber, mas delas ninguém sabe nada e no momento em que viras as costas a tua vida leva asas...
Eu para estas pessoas....

...gosto de ser, simplesmente, Joãozinho!